16.2.06

Agostinho da Silva

Companheiros e Amigos

«A História de Portugal, inteligente, documentada, válida e duradoura, diz que a Nação nasceu por; se fixou por; se defendeu com pinheirais e castelos sempre por; navegou por; entristeceu e se alegrou por; finalmente acabou por.
Aquela História de Portugal pela qual eu vou, História sentimental e fantasiosa, meio inventada talvez em muito ponto, garante-me logo de começo que a Nação nasceu para, se definiu para; casou para; navegou para; desanimou para e reagiu para e acabará para.
Eu me explico tanto quanto posso.
Nasceu para ocupar a melhor das costas, dando naturalmente para o mar, mas sobretudo para o Oceano, que permite ir a todo o lado; para aprender a bolinar; para completar o Império Romano que soberanos e legiões tinham deixado só como esboço, com uns lambiscos de Europa e una desembarcadouros de África e umas vagas idéias de Ásia; para universalizar Direito tirado pelos romanos da Filosofia grega, como engenharia baseada no Euclides; lógica de guerrear da de pensar; para, depois de ouvir Isabelinha de Aragão, projectar para o mundo inteiro o entender e adorar o Divino, de ser criança o maior dos milagres, de não se ter de ganhar a vida, o que a amesquinha, e de não haver prisões, nem as de grades, nem sobretudo, porquanto piores, as que são de dúvidas.
Têem razão os sábios, que tanto respeito, que Portugal foi por; mas insisto em pensar, sem autoridade alguma, que Portugal sempre foi, sempre é e sempre será para.
Obrigando-nos a todos nós, a que sejamos para, servindo-nos para tal do que somos por.
Vocês não acham?»

Agostinho da Silva

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